Bondade.

A vida prepara-te a parar, deixa-te seguir pelos próprios caminhos. Caminha ao teu lado, faz-te temer. Deixa-te viver toda vida que há em você. A cada qual cabe medidas inúmeras, inenarráveis, de histórias próprias e improprias. A propriedade do caráter molda-se com o tempo, soldando-se, encrostando-se, como uma capa, capaz de dizer quem és. Quem tu és? A pergunta que nunca se cala, que nunca se fala, que sempre diz no silêncio que faz a resposta dos que sabem ouvir. A verdade de cada um depende de cada um. A verdade que vê de cada um, depende da percepção que tens em olhar, humildemente, humanamente. Quão claros são seus olhos, quão humana é tua alma, quão serena é tua língua? A maldade esconde-se rapidamente em pequenos dizeres, e permanece profundamente nos que sentiram sua vivência. Seja bom.

ADeus

Foi como um piscar de olhos. Nada ocorreu. Mas a certeza foi tão exata, que mesmo me despedindo, sabia que aquele não era um adeus. Algumas pessoas nunca se vão de verdade. Mas a verdade é que algumas, mesmo no principio do entrelace com sua vida, de sua vida, não lhe serão necessárias. E estas, mesmo com comprimentos constantes, sabem-se com mais exatidão que te fazem perdido. Como n’uma multidão.

Eu andei perante parentes que nunca conheci, e parei perante amigos que escolhi. Os lações formados tonam-se mais fortes, pois são naturais, livres. Sabe-se deles que podem ser quebrados, e justamente por este motivo, permanecem intactos. Sabe-se também, que a recíproca é verdadeira. Nenhum sentimento é realmente sentido, se não houver, dos dois lados, a mesma ideologia. Tudo é uma troca, onde, independente da quantidade, todos devem oferecer o que tem de melhor.

As que não lhe são gêmeas, são todas as almas nas quais lhe mostram, de verdadeira forma seu jeito, e por este jeito você não as ama. Amam-se amores, amigos, conhecidos, desconhecidos até então, não. Ama-se a si, ou pelo menos, tenta-se. O maior bem de tudo que podemos fazer, é simplesmente amar; pois, para todos que amam na singular simplicidade, pela pura verdade, pela pouca maldade, amados são pelos de boa vida, de bom coração.

Minha mente, mente, toda as vezes que a sigo. Mas de todos os lugares que já andei, ainda não me arrependi dos todos que já pensei.

O silêncio das respostas

Aclamar, acalmar, nervos aflitos vindos vividos de tantas partes. Impar, me proponho a ficar, de bem estar estou farto, mas não me desejo nenhum mau constrangimento. Os momentos passam apertados, em meados dos dias vividos. A cada passo dado, o passado passa, deixando a vaga lacuna do certo futuro incerto que todos temos, a preencher... O silêncio nunca fala, mas sempre diz a resposta das perguntas dos que sabem ouvi-lo.

Aos olhos do escritor

E se eu pudesse escrever, a fim de varrer

Tudo para fora de mim,

Escrevia todo sofrimento habitado,

Formado, encrostado em meu coração.


Toda mágoa, fugaz virava, em palavras.

Tudo medo, destruído, pela história narrada.

Toda dúvida, retida, pela certa afirmação!

Toda fração de maldade, confiscada, em perfeição.


Àqueles que maltratam os maltratados,

Seriam borrados, reescritos em felicidade.

Todo poço de insatisfação,

Preenchido e descrito de satisfação.


Os de felicidade estupenda, se surpreenda,

Iriam dividir de boa aquisição, palavras alegres de todo verdade.

O pó formado, do desgaste constante,

Virava areia ao vento, do ventre, sorrindo do errante.


De capa bordada, bem enfeitada em simplicidade

Tirava toda maldade, deixando uma alegre trajetória.

Sem fim ou começo, sem saber se mereço, apenas escrevo.

Escrevo para aliviar, para magoar, para ver se cresço.

Contudo,

Teus negros cabelos brilham em inteligência iluminada, tua boca conquista em palavras sábias. Olhos captam essências, não aparências. O afago da inveja se desfaz, quando busca apenas o teu sonhado, conquistado, mérito. As belezas são divergentes, amplas; cada qual deseja o que pretende possuir, fazendo ruir em trincados pensamentos falhos e materiais, aquilo que já conquistou. A verdade mostrada para todos os que veem, é sempre mais limpa e clara, comparada aos que moldam tudo ao seu favor. As aparências enganam; os olhos também. Mas de tudo que pode ser importante, foge de mim todo pensamento físico que tenta me induzir a algo que procuro não levar tão a sério. A aparência não é conteúdo.