Livro livre
Abri um grande livro, de capa grossa e pesada. Resistente, digamos assim. Era um livro com páginas em branco, a serem escritas. Tinham páginas borradas, como se tentassem apagar certas palavras, frases ou momentos. Havia felicidade, tristeza, e todo o drama que suas páginas possuíam. Era envolvente, atraente e assustador. Tinha marcas do tempo, desgastado dos gastos sentimentais vividos. Digo, escritos. Fazia-me de espelho. Era um reflexo, fazia-me descrições... Uma com frases, outra com borrões. Até as páginas em branco se encaixavam em cada momento não vivido. Ainda não vivido. E quanto mais momentos assustadores, ou tentadores, descritos... Mais eu acreditava que as páginas estavam chegando ao fim. Felizmente, ou não, percebo que o livro era meu livro. E eu era livre, para escrever, apagar, borrar ou terminar.

(Luiz Bringel

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