Alheios.
E de pouco em pouco minha vida vai tornando-se, realmente, minha. Pois percebo que necessitar de alguém é um erro, fatal. Já que, pessoas ruins desfazem todas as esperanças de bondade suprimidas e reprimidas nos seus corações. E dentre todas as ações executadas e deixadas de fazer, percebo que mesmo parado sou criticado. E apesar de minha pouca existência, e minúsculas tendência a influenciar pensamentos alheios vejo mentiras claras em obscuros olhares. Falar que não me importo não faz sentido, acho que nunca fez. Pois a vida delimitada e rotulada minha, tornou-se nossa.

(Luiz Bringel 
Propriedade tua?

Se for para falar que me tens,
Que tu me tens.
Vá!
Pois nunca fui teu de verdade.

E sobre tuas certezas
 Sobre minhas dúvidas...
 Viraram incertezas,
 Diante de certezas minhas.

Onde esconde teus segredos
Que meus não podem ser?
Onde ponho minhas confissões
Diante de suas versões?

E afirmando que firmo seriedade
Brinco dizendo que é brincadeira.
Mas não admito o que realmente é sério...
Então, acha ainda que seja teu?


(Luiz Bringel
Motivo.
Dentre todas as coisas que já se passaram em minha vida, abordarei as que não se concluíram. Não por falta de tentativa de ambas as partes, minhas e das citadas, sim por não saber o real motivo que elas custam se alojar, internamente. Talvez, só irão se concretizar fim, quando no fim de meus pensamentos, tiver a certeza de seus ensinamentos. Cada coisa tem uma explicação, e um motivo para estar onde está. Esta é a lei da vida. É um eterno ciclo de aprendizado. Onde sairemos dele, apenas, após adquirimos o que temos que adquirir! E enquanto isso não ocorrer, voltaremos ao principio de tudo. A nós mesmos, e as nossas dúvidas cegas.

(Luiz Bringel
L, É, F.
É pela liberdade fraterna que afirmo igualdade. Todos nós somos diferentes, a semelhança deve estar na opção e na oportunidade de vida. Vida esta ofertada pela divindade. O divino é perfeito, e somos sua imagem semelhança. Afirmar imperfeições desde o começo humano é afirmar imperfeição divina, pois ninguém deve ser condenado por ser da forma que é. Temos liberdade para falar, assim como tens o para não ouvir. Temos igualdade para lutar, assim como para desistir. Devemos ter fraternidade para nos aceitar, e fraternidade para aceitar e ajudar o próximo. Cada ser em si sabe a dor de ser o que é. E sabe teme a dor de ter dor. O sofrimento é humano. Assim como a liberdade, a igualdade e a fraternidade devem ser.

(Luiz Bringel
Incontrolável.
E quando eu te empurrei, para dentro de mim, percebi aflição em sua feição. E por mais insegurança aparentada por tamanha firmeza, tinha total certeza que você não quebraria a cara. Não por influencias externas, mesmo tentando insistentemente alcança uma proteção segura. Sim por saber que te empurrava para minha estável felicidade, incontrolável. Estabilidade não fazia parte de minhas rotulações pessoais. E dentre as pessoas que já foram arremessadas em meus instintos, nenhuma deveria ter a maior certeza do que você. Pois, dentre todas, você deu-me mais inconstâncias e instabilidades, incontroláveis. E era justamente isso que eu procurava.

(Luiz Bringel
Minhas vidas.  
Por onde deve andar meu nome?  Insistem em pronunciá-lo. Quantas aflições percebem em meu ser com tamanha decadência... Alheia, claro. Não que eu regrida, mas percebe minha vida de duas formas é intrigante. Vidas totalmente opostas, vivenciadas por comemorações e aflições. Minha pública exposição requer, pelo menos, dignidade no pronunciamento. Já que o novo roteiro, feito por tais indivíduos, divide-me em verdades e mentiras. E por mais supostas verdades impregnadas em cada segundo de minha digníssima trajetória, percebo claramente que clareza não surge sob invenções. Falsas invenções. Sobre tudo, decadentemente creio na suposta mudança de pronunciamentos. Já que, não ligar, é a melhor forma de atuar, aturar, estas minhas vidas.

(Luiz Bringel
Pantôn Dôra.
Mostre sua caixa Pantôn Dôra. Após então eu conheço-te. Em teu temor, vejo-me... Não a feche não se reprima. Deixe-a fluir, deixe partir todos os males encontrados em teu ventre. Tão belas palavras, tão belas formas e feições. Qualidades inenarráveis, indignas de pronunciamento, por pessoas tão sujas e sem os dons ofertados de bom grado. E dentre tantas belas citações, algumas enganações traíras foram plantadas no intimo do seu intimo. Profundas demais para serem extraídas. Tais plantações exalam perfumes, capazes de ludibriar os mais sensatos pensamentos, sucumbir qualquer estabilidade alheia existente, ou não. E dentre tais entranhas, todos temos e tememos nossas caixas, talvez por não reconhecer, ou conhecer seu conteúdo. Mas sabemos, cegamente, a existência de sua presença. E ela é tão real e viva, quanto sua falta.

(Luiz Bringel 
Colheita.
Imaginando preguiçosamente seu futuro, percebe que está vivendo do passado. Não se importa. Contanto que esteja vivendo, sente-se bem. Imaginar não faz mal, a questão é não viver apenas de sonhos. Quem não busca o que tanto almeja, acaba contentando-se com o que não possui. ‘Não possui’ não pelo fato de não ser seu, sim pelo fato de que nunca foi seu. Se contentar com coisas que não são suficientes para seu contentamento, é irracional. Devemos sim, sempre, lutar pelo que queremos. E mesmo sabendo que o resultado é incerto, faz-se certo a certeza que tentou. Sendo assim, chega-se ao fim de suas buscas. Daí então os frutos são mostrados. Colha-os!

(Luiz Bringel
Cair.
Regredir às vezes é evolução. Pois, geralmente, aprende-se mais com uma queda do que com uma caminhada. E mesmo parado, erguendo-se, sai-se do local. Subimos além do que éramos em busca de novas andadas e novas quedas, para poder seguir e crescer. Não nesta ordem, que pouco importa. O que realmente pretendo afirmar, mesmo podendo estar errado, é que crescer caindo é uma dádiva. E regredir parado é uma dívida ainda não paga, com sua própria moralidade! É preciso crescer de alguma forma, superar-se. Só para depois ter a consciência tranqüila de que fez algo útil ao longo de sua vida. Nem que seja levar quedas.

(Luiz Bringel
Iludir, ludibriar. A si.  
A cada ser se é encontrado verdade, mentira, bondade, maldade e/ou ilusão. Interna ou externamente buscamos a transformação de certos sentimentos. Todos nós temos tudo, muito ou pouco é uma dosagem singular, pois cabe a cada indivíduo escolher e ponderar quantidades. A diferença entre certo e errado está, também, nesta mesma dosagem. Já que verdade demais se pode confundir com maldade. E muita bondade pode ser mentira.  Já a falta delas pode virar enganação, interna. Pois todos nós temos tudo, e fugir disto é fugir de si. De suas rotulações pessoais. Isso sim, sem a sombra da dúvida, é a verdadeira ilusão.

(Luiz Bringel
Ainda não fiz.
Não coloque palavras em minha boca, não afirme o que não afirmei. Firmei dizer o que digo sempre. Portanto entenda, compreender minhas dúvidas e certezas é um problema meu. Querer entender o que se passa na minha mente, é um problema meu. Sinta-se livre para tirar conclusões, pois não ligo... Não mais. Mas não venha dizendo que disse algo sem saber o que realmente afirmo. O que realmente penso. Pense da forma que quiser, morra se puder. Mas não venha dizer o que não pronuncio. Não venha afirmar o que não afirmei. Não diga que fiz algo, pois ainda não fiz. Ainda! E mesmo assim, você não é ninguém para condenar.

(Luiz Bringel
Diz fazer sono profundo.
Durmo em sono profundo, acordado pensando. Por mais fundo que seja o sonho, não é algo tranqüilo. Aquilo que fiz ainda pesa, insistentemente, em minha mente. Consciente, ou não, percebo que o problema não é lembrar, é não conseguir esquecer. E tentar vencer minhas próprias idéias faz de mim, fazer fim o que luto para conseguir. Esquecer, quando se é lembrado. Lembrar, o que tem que esquecer. São coisas constantes na minha rotina que se diz fazer inconstante cada sono que tento ter. Daí então, eu percebo que viver acordado, pode ser melhor que dormi atormentado. A nossa mente é nossa mais forte aliada. E nossa mais insistente inimiga.

(Luiz Bringel
Em cima, em baixo.
Acanhado cheio de manha, busco pouco a pouco meus instintos mais irreconhecíveis. Aqueles tais que, mesmo tendo uma cópia de minha feição, custam a parecer-se comigo. Aqueles mesmos instintos, negados pelas minhas afirmações mais verdadeiras e severas. Busco cada argumento plausível, ou não, para atingir a sombra tão relaxante de uma árvore tranqüila e cheia de frutos. Árvore esta regada pelas minhas gotas d’água. Tiradas tão naturalmente pelo pouco esforço de pessoas irritantes... E agora, após tudo, descanso sob minha árvore. Sobre o cadáver dos meus irritantes.

(Luiz Bringel
Apenas isso.
Que o mundo externo nunca faça de meu interno algo ruim. Não que o mesmo seja bom, mas pior eu não quero. Não quero viver de coisas trágicas, maldosas e enganadoras. Quero viver nas minhas maldosas brincadeiras de mentir, sempre falando a verdade. Das minhas tragédias marcadas com sentimentalismo real. Quero poder viver sem culpa, e sem sentir-me pervertido pelo mundo que ocupo. Culpo os que fazem isso. Mas não creio que seja uma solução para este problema, não que tenha solução... Nem tão pouco que seja um problema.  Eu só não quero ser pior do que já sou.


(Luiz Bringel
Minhas recordações

E pela paz eu luto pelo que acredito,
Mesmo estando errado.
Mal dito seja quem peca, por gostar.
Bem dito seja quem busca, por acreditar.

Se falar que amo o que vivo,
Vivo em uma mentira.
Amar já virou pouca coisa,
Para tamanha caminhada.

Implicações externas
Fazem-me, cada vez mais, crer...
Que lutar contra o normal
Faz-se mal, quando se descobre o dom de ser.

Se hoje eu deixar,
Um amor, uma lembrança, uma vida.
Deixarei,
O mais verdadeiro, a mais forte, a minha.

(Luiz Bringel
Calor do sol.
Sob o sol encontram-se pessoas de todas as formas. Fracas, fortes. Sofridas de viver, aturando cada gota de suor decorrente do calor. Calor este, imposto pela vida. Vida esta, imposta pelo nascimento. Cresce de forma vil e forte uma estrutura complexa, quem não viu verá! Tudo se forma forte debaixo do sol. Tudo se trona vapor, se não houver sustento. Tentando fortalecer e não tornar ar, nós fazemos de nós quem somos. A ajuda pode até ser externa, mas a construção, com certeza, é interna. A vida é feita de calor. Se não tiver o próprio, tem de quem invejar. Tem com quem se esquentar.

(Luiz Bringel
Confusão
Quero aprender algo com isso. Se for parar sofrer, que seja da pior forma possível. Se for para amar, que seja da mais intensa, de nível. Não quero muito, dei-me oportunidades, pois, acredito que tenho capacidade para lutar pelos meus ideais. Idéias fixas na mente, juntadas com coragem fazem-me ser quem sou. Ou posso fingir, dizendo que não sinto nada. Dizendo que não erro em nada. Falando que não posso amar, brincar ou sorrir. Posso dizer que sou estável, seguro, e perfeito. Posso admitir minhas mentiras, mas ai perderia a graça... Eu não sei o que escrever para concluir esta prosa. Verdadeiramente falando, tratando-se de mim, nunca sei de nada... Mesmo sabendo de tudo.

(Luiz Bringel
Erro sim!
A sim, sendo assim admito: sou errante! Pecando, descaradamente, de forma clara e verdadeira, posso admitir sem medo que errar é meu forte. Meu ponto forte! Meu porto seguro. Pois é justamente no errar que descubro, totalmente, seu oposto. Dando-me gosto de viver sobre esta corda errante, que balança sobre o certo e o correto. Mesmo sabendo que caindo, dou-me de cara com a verdade, sinto-me fiel e convicto que erro da melhor forma possível. Da mais verdadeira, mesmo sendo falsa. Pois acredito que nesta mesma corda, onde o erro se faz, estruturo e defendo minhas certezas. Defendo algo que acredito ser correto. Sendo nesta mesma corda errante que vejo, de cima, a seriedade da estabilidade alheia. Tão sem graça, tão sem vida, tão sem erro. A graça do viver é errar.

(Luiz Bringel
Concluindo.
Esquente a felicidade e diga para a modéstia sair. Quero ver verdades onde se encontram mentiras. Quero acreditar, cegamente, na bondade mesmo sabendo de sua outra metade. Quero poder ver, de olho nu a certeza, mesmo eu estando verde, cru. Muitos se encontram, se perdem, entre tantos gostos e desgostos. No seu posto, segue seu rumo de cabeça erguida e face sofrida. Sou daqueles que não pedem, implorando na cara meia, vendo a felicidade de quem não ajuda, olhando-me de cara feia. Sou da forma que mostro, aprendendo a agradar minhas vontades. Deixando quem pede de lado, seguindo meu monstro. Estas são as minhas verdades.

(Luiz Bringel
Glória
Quando a noite cai e eu me vejo só, dentro. Percebo que minha solidão sempre foi fiel, e segura. Dela tiro todo meu proveito, minha existência. Por mais fraco, internamente, digo-me forte. Todos querem ver minha gloriosa queda. Minha defeituosa meta. E se der vontade de chorar, não chorarei! Engulo e sorrio. Pois a maior satisfação de alguém ruim é ver uma lágrima a um sorriso. Se eu pensar em desistir, fecharei meus olhos. Pois, sei aonde chegar, não por ver. Sim por controlar meus passos. Depois, irei comemorar com minha inseparável aliada. Minha solidão. Comemorar minha gloriosa vitória.

(Luiz Bringel
Crítica humana.
Não importa se falam bem. O que me constroem são as críticas. Fazem-me crescer, amadurecer e perceber que a inveja é algo comum em pessoas baixas e desleais. Pessoas que buscam a diminuição do brilho alheio não percebem que já colocaram um fim no próprio. Defeito fiel, impregnado em nossa personalidade, faz de nós pessoas marcantes e únicas. Tenho os meus, assim como você. Saber conter-se hoje em dia é estranho, pois vivemos nos extremos. Temos defeitos verdadeiros, e mentirosos. Já que, a maior parte das faladas reclamações são inventadas. Prefiro passar despercebido a estampado e lesionado. Diga-me, quem nunca encarou seu próprio olhar e questionou se realmente era tudo verdade. A dúvida é humana. E o que é humano, tem falha. E o que falha, é criticado.

(Luiz Bringel